
Deputada Gracinha Mão Santa e prefeito Francisco Emanuel
O prefeito de Parnaíba, Francisco Emanuel, divulgou uma nota sobre os rumores de um iminente rompimento com o grupo do ex-governador e seu antecessor, Mão Santa. Na nota, o prefeito confirma o que todos já sabem na cidade, mas nega que partirá dele qualquer iniciativa para oficializar o rompimento, que era esperado para esta segunda-feira (24), na forma de um mega decreto, onde seriam demitidos todos os nomes indicados pela família, inclusive o próprio Mão Santa e sua esposa Adalgisa Moraes Souza.
“Francisco Emanuel reafirma sua gratidão e respeito à família Mão Santa pelo apoio e parceria ao longo de sua trajetória. No entanto, deixa claro que essa gratidão jamais será motivo para permitir interferências externas, ou sujeição/subordinação na gestão pública, seja de presidente, governador, senador, deputado(a) ou vereador(a). Seu compromisso maior e com a população de Parnaíba, que merece uma administração transparente, autônoma e responsável”. Este trecho da nota do prefeito é cristalino. Ele, na prática, está denunciando o grupo do ex-prefeito de querer continuar administrando a cidade como se não tivesse ocorrido uma eleição e a consequente posse de um novo prefeito, que seria o responsável, a partir de então, de manejar a caneta carregada de tinta.
E vai mais longe ainda, em outro trecho: “O prefeito enfatiza que seu caráter não permite que sua gestão seja influenciada por interesses que não estejam alinhados ao bem da cidade e de seus cidadãos”. Para qualquer pessoa minimamente familiarizada com o jargão político, o que está sendo dito é que essas interferências não são nada republicanas. Em Parnaíba, todo mundo sabe a quem o prefeito se refere. A ela mesma, a deputada estadual Gracinha Mão Santa.
Agora, pensemos como Gracinha. Ela foi a grande timoneira do barco que conduziu a cidade durante os dois mandatos do pai. Inicialmente de forma tranquila, apoiada na experiência dos pais e, com o tempo, virou a voz, a alma e a cara da administração. Chegando o fim do cliclo – já eleita deputada com uma grande votação na cidade, justamente pelo reconhecimento de parte do eleitorado à sua atuação como uma espécie de primeira-ministra, pensou: vamos promover uma mudança de geração na política local. Depois de uma longa batalha nos bastidores, com muitos nomes tentando cair em sua graça, especialmente o então secretário de Finanças, Gil Borges, o clã se decidiu por indicar um noviço que nunca tinha disputado uma eleição, o então secretário de Obras, Francisco Emanoel, um desconhecido das massas.
Obviamente que a decisão foi fruto de muito otimismo. Ele foi o último nome lançado para a disputa e sua campanha começou do zero, tendo como base, unicamente, a popularidade e a credibilidade da família Mão Santa. Logo, pensou Gracinha, o Novo Francisco jamais teria como não aceitar a sua colaboração e jamais seria empecilho em seu projeto de poder. Imaginou que, dada a inexperiência do gestor, ela continuaria sendo, naturalmente, a timoneira do novo governo.
Porém, como na relação entre casais, que só quando o casamento é consumado passam a se conhecer de verdade, ocorreu na prefeitura. Desde o começo de março, começou um burburinho sobre o desgaste da relação que foi crescendo, saindo das quatro paredes do gabinete e chegando ao povão. Ontem (23), não se falava outra coisa nos meios políticos do estado e para esta segunda (24) estava sendo esperado o tão propalado decretão.
O rompimento, em se confirmando, trará consequências para a política local e estadual. A primeira questão é sobre a base do prefeito na Câmara. Como vai se portar? Ele conseguirá manter os apoios que têm ou os vereadores alinhados com os Mão Santa vão para a oposição?
Na questão estadual, é um duro golpe para o discurso do senador Ciro Nogueira, pois a tendência é que um dos lados pule para a barca de Rafael Fonteles. Parnaíba, não esqueçamos, era vendida pelo grupo político do senador como o maior exemplo de que o petismo não é imbatível. Nos últimos dias, na medida em que os rumores cresciam na cidade, a deputada, que chegou a ser citada por Ciro em uma lista de possíveis candidatos ao governo, mandava recados públicos de uma aproximação com o governador, o que, inclusive, já era objeto de conversas dentro do PP. É bom frisar que o prefeito também foi convidado para aderir.
De forma que, neste momento, a agitação deve estar sendo grande dentro do partido da deputada. Certamente, com sua experiência e competência, o senador Ciro Nogueira deve estar com todo o corpo de bombeiros de prontidão e utilizando toda a sua capacidade de mago da política para encerrar a crise de forma satisfatória. E o povo do governo, por seu turno, esperando tranquilamente o que vai sobrar da confusão e, claro, sorrindo de orelha a orelha, uma vez que, depois das eleições passadas, as boas notícias só apareciam para ao senador.
Nota do prefeito
“O prefeito de Parnaíba, Francisco Emanuel, vem a público esclarecer que está absolutamente tranquilo diante das especulações sobre um possível rompimento político entre ele e a família Mão Santa.
Francisco Emanuel reafirma sua gratidão e respeito à família Mão Santa pelo apoio e parceria ao longo de sua trajetória. No entanto, deixa claro que essa gratidão jamais será motivo para permitir interferências externas, ou sujeição/subordinação na gestão pública, seja de presidente, governador, senador, deputado(a) ou vereador(a). Seu compromisso maior e com a população de Parnaíba, que merece uma administração transparente, autônoma e responsável.
O prefeito enfatiza que seu caráter não permite que sua gestão seja influenciada por interesses que não estejam alinhados ao bem da cidade e de seus cidadãos. Ele reafirma seu compromisso com a verdade e a honestidade, e por isso declara, de forma clara e direta: não há rompimento com ninguém, e nem mudança de partido político.
Francisco Emanuel seguirá governando com independência, respeito às alianças construídas e, acima de tudo, com compromisso inegociável com o povo de Parnaíba”.